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Espero por ti...sempre!

Espero por ti...sempre!

 

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“Tu, sol, é que me alegras!

A mim e ao mundo. A mim...

Que eu não sou mais que o mundo,

Nem mais que o céu sem fim...

 

Nem fecho os olhos baços

Só porque os fere a luz...

Ergo-os acima - e embora

Cegue, recebo-a a flux!

 

Crepúsculos são sonhos...

E sonhos é morrer...

Sonhar é para a noite:

Mas, para o dia, ver!

 

Sim, ver com os olhos ambos,

Com ambos devassar

Os astros n’essa altura,

E os deuses sobre o altar!

 

Ver onde os pés firmamos,

E erguemos nossas mãos!

E quer nos montes altos,

Quer nos terrenos chãos,

 

É sempre amiga a terra

E é sempre bom viver,

Se a terra à luz da aurora

E a vida ao amor se erguer!

 

Em toda a parte as ondas

D’esse infinito mar,

Por mais que andemos longe,

Nos podem embalar!

 

Em toda a parte o peito

Sente brotar a flux,

E sempre e à farta, a vida...

Vida - calor e luz!

 

Nos seixos d’essas praias,

Se o sol lá lhes bater,

N’um átomo de areia,

Deus pode aparecer!

 

Bata-lhe o sol de chapa,

E um deus se vê também

No pó, tornado um astro

Como esses que o céu tem!

 

Desprezos para a terra?!

Também a terra é céu!

Também no céu a impele

O amor que a suspendeu...

 

E quem lá d’esse espaço

Brilhar ao longe a vir

Dirá que é paraíso

E um éden a sorrir!

 

Em baixo! O que é em baixo?

Em baixo estar que tem?

Ninguém à eterna sombra

Nos condenou! ninguém!

 

Se até nos surdos antros,

Nas covas dos chacais,

Penetra o sol, vestindo-os

Com raios triunfais

 

Se ao céu até se viram

As bocas dos vulcões...

E têm os próprios cegos

Um céu... nos corações!

 

Não! não há céu e inferno:

Divino é quanto é!

Para que a rocha brilhe,

Basta que o sol lhe dê...

 

Basta que o sol lhe beije

As chagas que ela tem,

E a morta d’essa altura,

A lua, é sol também!

 

E as trevas da nossa alma,

A nossa cerração,

Oh! como se desbarata

A aurora da razão!

 

Mas se a razão, surgindo,

Nossa alma esclareceu,

Também tu, sol, no espaço

Surges, razão do céu...

 

Por isso é que me alegras,

Ó luz, o coração!

Por isso vos estimo...

Tu, sol, e tu, razão! “

 

Antero Qental  

1865



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 Dulce Pontes  - Canção do Mar

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(Assinalando fecho 1º ano )