Navego suavemente
num mar de palavras…
Olho os teus olhos
mais escuros que o costume,
agitados na incerteza dos passos
na arrogância do tempo
que não pára…
Do viver a angustia
do que se deixa
e ao mesmo tempo leva…
Não é fácil…
não se consegue partir,
como com a sua calma,
partem as aves migratórias…
Não conseguimos o
dom do esquecimento
nem a calma que leva
a sono profundo
em que se sonha sem medo
de lembrar esses sonhos…
O tempo lá fora, não vejo…
Com a noite… os vidros
parecem espelhos…
e neles apenas consigo ver
o reflexo da lareira…
Não reconheço
o som do vento que passa…
é algo distante
o tempo lá fora…
Aqui, aqui onde escrevo
e para que permaneçam,
deixo as palavras que solto…
O meu sangue
vermelho e revolto
tu compreendes, quando,
em mim, pareces ver
uma ligeira alteração…
Quando te vejo partir
sinto uma calma
demasiado tranquila…
Calma silenciosa,
só podendo dizer
mansamente que sim
porque sei que
para ti, é bom…
Pensamos e muitas vezes
parece que vivemos
mais depressa que o pensamento…
E se pensamos,
do que se passa
já nada sabemos…
Para te estar a escrever
neste momento já não sei
se um mar de pensamentos
assaltou as minhas palavras…
Apenas sei que te escrevo
sem pensar nisso…
Apetece-me a ti escrever
como quem fala e
se escutares, ver
que a seguir respondes…
O espaço e o tempo
não contam quando
duas vidas se abraçam…
café
Pauline King - You Are The Only One